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A mostrar mensagens de junho, 2009

Puta Que Pariu

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Fica na cidade de Bela Vista de Minas. Perto de Joao Monlevade. Bela Vista, uma cidadezinha cercada de mato no interior de Minas Gerais, claro no Brasil, e uma grande surpresa. Um dos bairros tem o nome de Puta que Pariu. Acredita se quiseres. A partir de agora posso mandar para a Puta que Pariu quem eu quiser. Dá para ir de avião e a seguir apanha-se o autocarro. Viagem rápida.

Mickael Jackson

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E com a morte do Mickael Jackson morreu um pouco da minha infância. O triller da vida tem destas coisas. A carreira desceu ao inferno. Mas a sua música subiu finalmente aos céus. Agora morto, um astro em paz. Pena não ter tido tempo, de passar o cabo da boa esperança de o voltarmos a ouvir.

RH Fraco

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Gostava de tropeçar de vez em quando no caminho dela. Dentro dos sapatos pisava os calos secos todos os dias. E eles que só cresciam, alimentados pelo sofrimento de carregar todo o peso das dores diárias. Beijava outra boca que se aproximava, menos a dela. Porque havia sempre outra boca entre eles. Enquanto o tempo que não tinha corria apressado, o amor perdia-se no ar que não respirava. E até hoje, odeia as próprias palavras desnorteadas a parecerem ofensas para ela. Os elogios, as declarações e sempre a despedida. E hoje, o seu sangue apenas partilhado entre mosquitos famintos e insaciáveis, não é suficiente para se juntar ao dela. Porque é do tipo RH fraco. Talvez um dia, quando ele se encontrar em perigo de vida ela lhe doe o seu próprio sangue, na tentativa de uma transfusão de vida permanente.

O Sonho Que Me Acorda

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E o sonho veio em bicos de pés. Como uma bailarina em pontas. Cruzou os braços no parapeito da minha janela. Arrancou-me da boca um pássaro a cantar. E gritou. Tão alto quanto a voz podia suportar: Irrita-me a felecidade de todos estes homens que não sabem que são infelizes. Anda, corre, veste-te. Está na hora. A realidade espera-te aqui fora. Não te atrases. Leva o sonho mesquinho para a solidão dos caminhos.

Os Pássaros

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Um filme marcante de Alfred Hitchcock. O desequilíbrio inesperado. O natural que se torna ameaça repentina. Pássaros a invadir uma pequena cidade e afugentar os seus habitantes. Mexe com o absurdo. Apresenta imagens que nos lembram um sonho. Ao ponto de em certo momento ser possível esperar que um dos personagens acorde. Sobre a natureza, lembro uma frase de Wittgenstein: "que o sol nascerá amanhã é uma necessidade lógica, mas não uma determinação da realidade. O sol pode simplesmente não nascer amanhã." Os ataques dos pássaros desafiam a lógica sobre o mundo, o universo começa a parecer incompreensível. Fazer um filme, onde os bichos papões da historia não são monstros nem tubarões, mas sim singelos passarinhos, foi uma das ideias mais originais de todos os tempos.

Estupidez Humana

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Por falar em estupidez, François Rabelais aconselhava ao seu melhor amigo: "Amigo, perceberás que no mundo existem muito mais tolos do que homens, e lembra-te disso." Mas afinal, não será a estupidez humana uma bomba inteligente? Porque a verdade é que existem os estupidos superficiais e os estupidos profundos. Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no facto de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto que os inteligentes se debatem em dúvidas e indecisões. E quem se debate em duvidas e indecisões não avança, essa é uma verdade. A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista, enquanto que a inteligência se esconde na rectaguarda para ver. Resta saber quem é mais esperto, o que faz por ser visto, ou que se esconde para ver a estupidez do outro. Com estupidez o homem pode enfrentar muitos males. Devemos ser gratos aos idiotas porque sem eles, não seriamos tão bem sucedidos. Quem de nós não foi estúpido, pelo menos uma única vez na vida que atire a prime

Estranhos

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Por falar em estranhos. Aldous Huxley dizia que os homens são animais muito estranhos: uma mistura do nervosismo de um cavalo, da teimosia de uma mula e da malícia de um camelo. Raramente somos desagradáveis com estranhos. É preciso conhecer bem e até amar alguém para tratar mal de verdade e fazer sentir mal. Pouca gente ousaria gritar com um estranho sobre coisas tão simples como, o correio espalhado pela casa, ou o rolo de papel higienico que acabou, e não foi mudado. Mas se o fazemos com alguém que amamos, então está tudo bem. Não será isto mais estranho do que falar com estranhos? Talvez o estranho seja um amigo que ainda não tivemos oportunidade de conhecer. Ou um animigo do qual aprendemos a proteger-nos. A verdade mais simples é que quem temos ao nosso lado como um grande amor, começou por ser um estranho. Escolhemos um estranho para casar. È ele que nos põe sem mais nem menos as mãos em febre. E como se não bastasse, ainda nos rapta para o brilho dos seus olhos para que nos esp

Porque Nos Aproximamos

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Há pouco coloquei algumas dúvidas de molho numa grande teoria de Nietzsche. A grande questão, é porque passamos a vida a encostar-nos a outras vidas que não a nossa. E a explicação caiu-me em frente aos olhos num ápice. "Nós só sentimos agrado para com os outros porque eles são imagens de nós próprios." E quanto mais estamos contentes connosco, mais detestamos o que nos é estranho. A aversão pelo que nos é estranho está na proporção da estima que temos por nós. Mas o menosprezo por nós próprios pode levar-nos a uma compaixão geral para com a humanidade e pode ser utilizado, intencionalmente, para uma aproximação com os demais. Temos necessidade do próximo para nos esquecermos de nós mesmos. Também os outros têm desgosto com o que são. E assim sentimos o alivio: afinal, estamos no mesmo saco. E assim vemo-nos forçados a suportar-nos, apesar do desgosto que temos com aquilo que somos. E deixamos de desprezar os outros. A aversão para com eles diminui, e dá-se a reaproximação. E

Aqui Estamos

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Ora aqui está uma verdade crua que muitos teimam em não ver. Corria o ano de 1945 e José Gomes Ferreira numa lucidez impressionante diz-nos isto: "E para aqui estamos. Estatelados no poço. A ver os outros agarrados aos ramos. Com um destino igual ao nosso" Cada vez duvido menos.

O Bicho da Seda Na Caixa de Sapatos

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Às vezes a memória assalta-nos com imagens do passado que nunca morrem. Também eu tive a mania dos bichos da seda. Punha-os a dormir dentro de uma caixa de sapatos forrada com lençois de alface. E á noite escondia a caixa fechada debaixo da cama, numa espécie de protecção desmedida. Cheirava muitas vezes aquela caixa de cartão de espanto vicioso. Um bicho fechado nele próprio num casulo amarelo. Envolvido num cuspo de solidão. Muitas vezes para fugir de mim, também eu me vou tecendo. Só agora entendi o que me prendeu àqueles instantes. Talvez ainda deixe ficar no mundo o desenho de um voo com rasto de pólen.

Acreditas Em Anjos?

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Acreditas em anjos? Espreita para dentro de ti e verás o meu olhar com asas a bater. A passeares num canto do meu sorriso. Adivinho a tua tristeza. Que não queres amar ninguém. Por isso estou aqui. Para tomar conta de ti. Para te ocupar a cabeça e encher o coração desconcertado. Só assim te posso roubar para um pensamento secreto. E mesmo a sofrer ainda te deixo ver luz. Apareço sempre: no fim de uma frase, a meio de um gesto, na mistura com um cheiro. Irás voar sobre as minhas asas. E se vires estrelas demais, lembra-te que o sonho não volta atrás. Vou estar aqui sempre. Sem que me vejas. Talvez assim, possa ser não este anjo inútil, mas o teu grande amor. Acredita em anjos. Não tentes entender nem explicar. Diz que estás doente, diz que é verdade. Faz de conta que não sabes. Guarda essa verdade dentro de ti, mesmo ciente de toda a inutilidade que nisso há.

Não Nasci Para Servir

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E volta e meia, em tom de brincadeira trazia na boca esta expressão: - Não nasci para servir, nasci para ser servida. Mas a vida insiste que a sirva e ela deixa-se ir. E como um pobre humilhado, começou a desmanchar o amor na vida ainda ensaguentada. E viu. Viu o sonho absurdo. A vida com os olhos pregados no chão onde o céu anda de rojo. E todos o dias come um pão de cinzas amassado pelo vazio. E aqui anda pelo mundo a fingir que a vida lhe serve. A carregar com os vivos às costas. E as lágrimas com os dedos no gatilho em noites de lobos. Não nasceu para andar com a dor de fora como os outros. Na dúvida do que será melhor para que possa saborear uma vida dada de bandeja: Uma ruptura em pleno ou um recomeço do inacabado.

Matar o Tempo

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Hoje apetecia-me dar um pontapé numa pedra. Talvez partisse um pé e não a alma. Não deixar o tempo engolir-me e devora-lo eu. O tempo. Esse que menos temos para a frente, quanto mais o vamos acumulando na vida. Talvez seja esse o segredo. Mastigar tudo. O amor e os ossos da espera. Apanhar o tempo á traição sem olhar o relógio. Só assim se apagavam as provas e as pistas. E guardar tudo nos teus olhos. A melhor maneira de matar o tempo. Já dizia Herbert Spencer: "Tempo é aquilo que o homem está sempre a tentar matar, mas no final é o tempo que o mata."

Confessa

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Vá. Confessa. Confessa a comédia que é o amor. Que preferes ir para casa e inventar a dor que não doi. Que o teu coração adormece na solidão de uma lua deserta. Que as estrelas largam pus em vez de brilho. Finge que arrancas essas lágrimas dos olhos para simulares a ternura. Chora por ti e por nós. Às escondidas, de qualquer maneira. Mesmo que seja por entre os dentes partidos das gargalhadas forçadas. Talvez Cícero tenha razão quando diz que "a confissão é o remédio para quem errou."

Boneco de Corda

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E se fossemos bonecos de corda? Por artes mágicas ou mesmo pela força da corda? Uma perna, um braço, outra perna, outro braço. Abanávamos a cabeça e faziamos as delicias de quem nos olhasse. Já sabiamos a ordem pela qual as coisas podiam acontecer. Nada podia falhar. E quando falhasse seriamos invadidos pelo espanto. E se de um momento para o outro a nossa engrenagem ficasse atrapalhada pela falta de óleo? Paragem obrigatória no inesperado. A desligar-mos a pouco e pouco da vida. À espera da sensatez de um voluntário. Que nos acalmasse a ferrugem. E nos esfregasse o óleo milagroso nos filamentos da postura óssea. Talvez tenhamos que contar mais uns com os outros do que na realidade pensamos. Ainda tento fugir ao boneco de corda que sou, que anda sempre em frente até que a tensão da corda se esgote. Não vão as abelhas fazer da minha engrenagem cansada, a colmeia que tanto desejam.

Estado Liquido

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No meio do pânico, apertaram mais o suor das mãos. Braços a escorregar em braços, para o prolongamento do amor. Nús. Beijos quentes que se encontraram no céu da boca. Lama na pele. Unhas a arranhar o coração. Olhos com dentes. Corpos liquidos frente a frente. Reconheceram-se sem os olhos. Na espera incompleta de se tornarem sonho. E deram as mãos no meio do incêndio. Contrariando Nietzsche, há alturas em que o melhor é envolver a vida com o celofane do desejo e deixar pender a lingua ensalivada que nem um cão. Porque Deus pôs na carne um pouco de céu.

Peter Pan

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Quem se lembra do Peter Pan? Aquele de chapéu cor de esperança. Que preferiu ficar menino. E escolheu a aventura mágica em vez da realidade ácida. Talvez o ideal seja mesmo nunca começar. Matar o tempo no relógio da adolescência, e fugir a sete pés dos pinóquios desta vida.