Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2010

Sonho Roubado

Imagem
O meu sonho foi roubado. Morreu às mãos de quem o invejou.

A Insanidade Sorri Sempre

Imagem
E o tempo corre selvagem. Ficamos a ver ondulações de diferentes tamanhos, sem nunca conseguirmos sair da corrente. De impermanência morna, os dias flutuam por entre os olhos. Afastei-me disto tudo como um homem cego. Continuo com um amor doente nos braços. A insanidade sorri sempre. Fascinação estranha, a fascinar-me. Ainda há quem sorria, e defenda que nada é mais insano do que uma vida sem insanidade.

Podemos Ser Herois Por Um Dia

Eu, lembro-me de ter parado encostada aquele muro. Tiros a voarem sobre as nossas cabeças. E nós abraçados num beijo, como se nada pudesse cair. O medo, esquecido do lado de lá. Descobrimos que não somos nada. E nada nos ajudará. Talvez estivessemos a mentir sem saber. Embora nada nos venha a manter juntos, enganámos o tempo por um dia. E por um instante apenas, acreditamos que ficámos a salvo.

Distração

Imagem
Conheço-te.  Consigo ver-te de cara repuxada e tensa. Como se tivesses a ser engolido por um tornado. Imagino os teus pensamentos. Demasiado grandes para o teu tamanho. Foste empurrado para onde? Lá vais tu, com a esperança perfeitamente descuidada. Com a tensão a rastejar. Pareces distraído, e eu sei bem o que acontecerá depois. Caminhas para o outro fim do dia. E eu de colete a prova de balas, estarei a fazer o meu melhor.

É Hora De Contar Esta História

Agora Nós

Imagem
Ainda a acreditar no amor verdadeiro, mesmo sendo triste. O que é nosso é nosso por direito. Aconteça o que acontecer. Sofrer assim e morrer assim.

A Propósito

Imagem
Da vinda do Papa, de Deus, e da fé, lembrei-me que Deus podia deixar-nos um recado simples e directo: - Se eu existir, sou apenas a encarnação do  que nunca poderás ser.

Felicidade de Imitação

Imagem
O meu cerebro inflamado anda ás voltas. Há que limitar pensamentos. Porque feliz só será o coração que amar.  A felicidade é silenciosa e rápida. Talvez não sejamos  suficientemente fortes para a felicidade. Nem mesmo para o medo. Basta olhar as pessoas felizes: Ocultam-se na felicidade como em casa, erguem muros, fecham as janelas. E o medo é a sua fortaleza.  Felizes. Porque, no fundo de si mesmos, andam cheios de tudo o que pensam ser. E, disso cheios, nada mais sabem.  Dão para aquele lado onde o mundo acabou. Por isso são felizes. Foram sendo até o tempo se ter perdido.   Embacia-se a vida. Que a morte não nos baste.

A Crise

Imagem
Esta crise parece que veio para ficar. A crise dos afectos. Dos abraços e dos colos desajeitados. Como o desapego das flores brancas presas nos cabelos soltos. Os homens já nem cegam pelos olhos. As aparências da competência sempre ocultam os tesouros da sensibilidade. Um abraço que nunca vem. Como se as mordaças tornassem o mundo mais azul  e as línguas beijassem melhor. Apenas restam corações moídos por paragens frequentes. Vive-se na luz ténue de um sol empalhado. E um simples abraço pode desafiar o meu sentido de gravidade.

E o amor dispara de frente

Este Trabalho

Imagem
E deixou-lhe um bilhete a explicar o que fazia agora: O meu trabalho é, entre muitos trabalhos, o trabalho da casa e dos filhos, doméstico como o gato e o cão. Talvez o mais importante de todos os trabalhos. O que rouba tempo mas que me tira as peneiras e reconcilia com a realidade. Até com a realidade intelectual das palavras que evito, que as corto como corto batatas e cebolas. Vão descascadas e vão bem com a minha escrita de censura. Por vezes quase crua, como um bife em sangue que é assim mesmo que os como. Nada aqui é bem passado, nem a roupa que vai sempre a toque de caixa como convém a quem tem sempre mais que fazer. Todos os dias.

Os Beijinhos Da Vizinha

Imagem
Ainda me lembro da vizinha Amélia. Uma nuvem branca de cabelo a enfeitar-lhe o rosto. Na cadeira de baloiço tricotava as horas que lhe sobravam. Os moveis brilhantes a cheirar a óleo de cedro. E a gaiola dos piriquitos na cozinha. De vez em quando tocava-lhe á campainha, e assim ia apurando o amor da minha infância. Quando voltava a casa, trazia sempre o bibe coberto de migalhas e nódoas. E por entre os meus dedos espreitavam bolinhas de  neve,  linguas de gato e beijinhos. Acredito agora que a comida é amor, e há coisas que não se repetem.