Pequenos Nadas

Vasculhou sem querer. Abrigou-se nas palavras certas. Lavou a vista na água a rebentar por trás dos olhos dela. O caminho ali, para um passo errado. Finalmente havia encontrado alguém para aquecer as vontades e expulsar o desânimo. O corpo tremeu e derreteu-se o gelo da resistência. Não escrevia porque não tinha jeito. Porque senão escreveria um beijo, pois um beijo escrito ainda podia valer por muitos, e ser bem mais leve na consciência. O tempo era escasso e passou a ser uma muralha levantada á sua frente. Há coisas que não deveria querer. Ela era uma delas, emoção doce e amargo veneno. Nesta existência imprevisivel correr pode ser um desafio. Principalmente quando não se sabe se as pernas vão a tempo de saltar. Imagina como as coisas são. São como não podiam ser. Pequenos nadas feitos de tudo, em quantidades instáveis. E vêm e vão, e nunca chegam para ficar, nem para partir de vez.