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A mostrar mensagens de abril, 2009

Aprende Com a Biblia

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No teu jardim és tu. A sós contigo. A fazeres contas a uma vida desenrolada. Sempre que o abandonas, deixas-te lá. Estático, sentado no banco da balança pendente. E partes para a vida cá fora, com a coragem asfixiada num lenço de bolso. A propósito, recordei os Dez Mandamentos. Lembras-te? Moisés levanta o bastão, as águas dividem-se e o povo atravessa o mar. Mas a biblia, conta a verdadeira história para lá do que muitos não entenderam. Deus ordena a Moisés: -"Diz aos filhos de Israel que marchem" E só de depois de começarem a andar em direcção ao mar imenso, é que Moisés levanta finalmente o bastão e o mar Vermelho se abre. Aprende aqui uma lição: Só a coragem no caminho faz com que o caminho se manifeste. Não esqueças que o teu jardim só se encherá de flores para uma vida, quando cortares a trela à coragem e acreditares na fé. Afinal a fé e a coragem, não são mais que a expectativa nas coisas não vistas. E com a sorte de um milagre finalmente tudo pode acontecer.

Logo à Tarde é Muito Tarde.

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Quero agarrar o mundo agora, e começar a cavar o meu interior. Os sonhos existem para se realizarem. Há que dormir para sonhar mais. E acordar num ápice para concretizar o sonho. Não penso para amanhã na urgência de ser agora. Mesmo logo à tarde é muito tarde. Virgilio Ferreira dizia: "Tudo o que és em ti para seres, vê se o és neste instante. Porque antes e depois tudo é morte e insensatez. Não esperes, sê agora. Lê os jornais. O futuro é o embrulho que fizeres com eles ou o papel urgente da retrete quando não houver outro. " Só posso acrescentar que todos os dias o vento esculpe ou destrói. Por isso faço as malas bem rápido, não venha aí um tornado. Porque mesmo logo á tarde pode ser tarde demais.

Como te Vou Amar

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Amar-te é dar-me. Despejar-me num copo e dar-me a beber. Sem açucar para sentires no inicio um ligeiro travo amargo e para o fim o doce no fundo do copo. Dar-te tudo. Dar-te tanta verdade quanta possas suportar. Obrigar-te a elevares-te a um grau superior de eminência. Sem te levar à overdose do desiquilíbrio. Amar-te num sistema raro. Aceitares a presença do teu gémeo. A boca insaciável de um irmão. A presença teimosa de um amigo. Dois corpos num só. O amor a deixar o casaco em casa, porque não sente frio. A cidade cá fora sempre em alvoroço. E eu com a paz do teu coração e a cabeça por entre as nuvens.

Roubei a Lua Ao Céu

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Segui o o conselho de Ricardo Reis de que vale tudo para ser grande. Hoje roubei a lua ao céu. Devolverei em breve. "Para ser grande, sê inteiro: Nada teu exagera ou exclui. Sê tu todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive." Faço destas palavras os meus actos.

Complicar Para Descomplicar

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Transformamos tudo o que não dominamos em assustador e complicado. Paramos para pensar e a complicação da dúvida desdobra-se até obter vida. A verdade é que deviamos ter uns olhos raios x anti complicação. Como os relógios á prova de água que nunca se molham por dentro. Só que o simples é sempre muito complexo para um coração em compasso complicadissimo. Pensei em algo simples para fazer um restart à alma. Na química, o simples seria um composto de natureza elementar como o ouro. Agora como se calcula a cotação da barra de ouro no mercado? Complicado. Talvez o simples possa estar dentro de quem tem coragem e abandona tudo. Que vive no desapego. Uma vida livre de ilusões. Humilde. O caminho é que está sempre longe de ser simples. O que é simples pode ser apenas um ponto de vista. O complexo não está nas coisas, está na nossa consciência das coisas. No medo das consequências que são naturalmente simples. Sabemos e não sabemos da vida. Seria bem mais simples, por exemplo, viver sem saber

Um fim para um Começo

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José Saramago raptou-me para as suas palavras e levou-me a uma viagem sem retorno. "O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já. Ver na Primavera o que se vira no Verão. Ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente caía chuva. Ver a seara verde, o fruto maduro. A pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava."

Estranho Amor

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O amor é um caso estranho. Entra sem convite por uma porta qualquer. Apressado e sem limpar os pés ao tapete. Ama-nos sem o nosso consentimento. Drama e mistério. Tensão. Ansiedade. Medo da perda. O amor é um estranho em movimento. E quando abraçamos a calma e a paz, fomos expulsos do território do amor. Tudo ou nada. Quando perdidos e desnorteados, o amor ou a falta dele, é sempre quem se senta no banco dos réus. Assim como uma criança chorosa que se perde na praia apinhada de gente. O pânico a subir-lhe implacável pelas pernas acima. O desamparo chega pela derrocada das certezas. Dói. Mói. Abrem-se fendas silenciosas no coração. Há que correr rápido em direcção ao sol. Não é porque o vidro reflecte um raio de luz que deixa de ser um simples vidro. O nosso olhar sobre o amor nunca lhe provoca mutações. As pessoas são o que são. Lembras-te da tua mãe te ensinar a desconfiar, e nunca aceitar nada de estranhos? Percebo agora em adulta que tinha toda a razão. Lembrei-me duma frase celebre

Conversar

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E hoje no café da manhã, choco de frente com um dito de José Saraiva: "O meu único desejo é conversar. Conversar com alguém que ainda sabe sorrir" Tarefa dificil esta. Talvez uma missão impossivel para as caras fechadas para a manhã. Shakespeare tem a resposta: "É comum perder-se o bom por querer o melhor." E nada mais acrescento.

Velhos Tempos

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Hoje numa conversa banal de café, abri a porta da adolescência. E por lá fiquei em visita prolongada até agora. Encontrei muitos amigos, namoricos e bares da altura. Apercebi-me que fui feliz, muito feliz sem saber. Só agora sei o quão descomplicada era aquela vida. Estudar e marcar a próxima saida com consentimento dos pais. Ter o maior aliado e protector de sempre: o melhor irmão e amigo. Riamos para a vida por tudo e por nada. Tudo tinha graça. Surpreendente a simplicidade de que eram feitas as grandes coisas. Dar explicações ao sábado de manhã bem cedo, para a saida de sábado á noite. Vestida sempre a rigor, quando a festa estava dentro de mim. Com tudo o que nascia no meu caminho todos os dias. Expectativas e esperanças sempre a ganharem aos pontos. Vir do Kremlin ou da Gar Tejo com os ouvidos ainda surdos, e paragem obrigatória nos bolos quentes do Chile. Antes do regresso a casa, encher a barriga de açucar. Como se a juventude não fosse por si só o melhor doce do mundo. E no Ver

Apetece-me Algo

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Seria bem mais fácil, se o meu apetecer se ficasse por um simples ferrero rocher. Mas apetece-me sempre o que é complexo, dificil e trabalhoso. E o Ambrósio, que não encontra logo ali, há mão de semear, a resposta para os meus desejos. Apetece-me algo: Uma montanha. Um porto de abrigo. Não ter medo de tropeçar. Ter os olhos vidrados no céu. Fazer com que o chão seja apenas para pisar, e marcar o ritmo da curiosidade. Sentir que não sinto o tempo. Não sangrar mais. A felecidade á distância da minha vontade. Fazer uma viagem ao fantástico onde possa ser qualquer coisa. Ser uma bruxa carregada de poderes e sem medo da fogueira. Achar a tranquilidade abraçada a mim. Chegar á torre mais alta sem mortos e feridos pelo caminho. Lençois de cetim. Morangos regados a saliva e champagne. Surpreender-me como se isso ainda fosse possivel. Roubar entre o aqui e o agora, o pensamento do apetecer e simplesmente ter. Ambrósio não prometas o que nunca vais conseguir cumprir.

Corre

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Quando o tempo aponta o branco nos nossos cabelos, é sinal que os dias estão em alta competição no calendário. Nesta correria, até a própria lua muda de forma. E o tempo começa a engraxar os sapatos velhos e gastos. Tudo pode fugir. È este o momento certo para abrir as algemas dos pulsos doridos do pensamento. Tudo vale a pena. E mesmo o medo de errar não é um desperdicio. Vamos sempre a tempo de aprender a não andar com os pés no chão. Há que fazer com que o inicio nunca deixe ser inicio, para que nunca chegue a um triste fim. Sabes quantos desastres pudemos ter com o coração? Para sempre é sempre por um triz. Por isso começa a correr para a vida, porque só não podes fugir do amor e da morte.

O Casamento

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O casamento será sempre um projecto imperfeito e inacabado. Pode ser arrastado pelo vento que o leva pelo ar. Este é um sonho que devia sonhar por nós bem acordado. Cá vai o que li algures por aqui e que não posso deixar de partilhar: "Às vezes é como se abdicássemos de tudo em nome de nada. É como se por causa disso a vida deixasse de ser isso mesmo e passasse a ser um esforço permanente. É como se ser feliz fosse anormal e culpável. A vida a dois não é nunca como imaginámos no princípio e às vezes, só às vezes, é que nos apercebemos que é tão estranho odiar viver com uma pessoa que amamos. Às vezes é como se fôssemos sempre a peça menos importante dum puzzle gigante que é o mundo. É como se a vida passasse por nós sem nos dar importância e seguisse o seu caminho em direcção a outras paragens. Abdicamos tão facilmente dela em nome duma coisa que se chama economia, em nome de outra coisa que se chama trabalho ou em nome da família. Nunca nos perguntamos para que é serve cada uma d

O Outro Paraiso

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Talvez exista outro Paraiso que não o Éden. Que não ouse picar o topo do mundo. Com uma cama só, para descansar a alma. Com esquinas dormentes que não quebrem a paz do silêncio. Tudo ao pormenor. Nada ao acaso. Com varandas desenhadas e pátios interiores, que me deixem ver à lupa para dentro de mim. Com paz cravada a espiritualidade. E ar branco para esvaziar o coração negro. Forrado a amor. Um convite a alimentar o espirito para mais tarde alimentar o corpo. Neste paraíso exorcisam-se as culpas para a entrega ao prazer. O sono divino como rampa de lançamento para catapultar sonhos. A simplicidade complexa demais para ser esquecida. E se um dia me encontrar com este paraiso, ficará para sempre a vontade de regressar como a lei da atracção dos corpos que Newton um dia explicou. Não morreste. Voltarás em breve.

O Amor, Que Porra é Essa?

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No quarto escuro não quero brincar ás escondidas. Os olhos cegos encontram-se no meu desejo com unhas compridas. Passeio a tentação sem trela pelo corpo semi nú. Carícias não prometidas e o calor até podia empurrar as mantas. Pernas e braços. Trancam-se gestos. Poderia cheirar a amor. Ter o sal do teu suor na minha boca. Quatro paredes. Mas isto é coisa pouca. Para um na terra, e o outro com a mente nas alturas. O interruptor fica atrás da porta. É que agora, no quarto escuro e de olhos bem abertos não se fez luz ainda. Mas afinal o amor, que porra é essa?

Íssimo Cansaço

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O Alberto Caeiro deve-me ter conhecido por aí algures noutra vida. O que escreveu assenta-me hoje como um chapéu imperfeito, bem á medida do meu pensamento: "O que há em mim é sobretudo cansaço. Não disto nem daquilo. Nem sequer de tudo ou de nada. Cansaço assim mesmo, ele mesmo, cansaço. A subtileza das sensações inúteis. As paixões violentas por coisa nenhuma. Os amores intensos por o suposto alguém. Essas coisas todas. Essas e o que faz falta nelas eternamente. Tudo isso faz um cansaço. Este cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito. Há sem dúvida quem deseje o impossível. Há sem dúvida quem não queira nada. Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles. Porque eu amo infinitamente o finito. Porque eu desejo impossivelmente o possível. Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser. Ou até se não puder ser. E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada. Para eles o sonho sonhado ou vivido. Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto. Para mim só um grande, um pro

Matrioska

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Boneca. É assim que me chamas. Mais valia chamares-me Matrioska. Boneca russa com um grande amor, e tantos outros mais pequenos dentro de mim. Porque uma mulher só pode ser mesmo assim: Várias personagens de que se fazem gostar mais ou gostar menos. Escondidas dentro de uma maior de que se pode gostar muito. E esse pode ser um dos maiores problemas da tua vida: Perderes-te nas mais pequenas. E não amares a maior de todas.

Essa Camisa no Meu Estendal

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A tua camisa veio parar bem longe. No meu estendal. Nem tu próprio farias questão de pendurá-la assim. Estendida ao sol da vida. Aprenderás facilmente a desliza-la na minha corda. Sabes onde ficava bem melhor? Toda amarrotada no chão do meu quarto. Podias trazer apenas uma mola da roupa. E muita imaginação. Para saberes por qual dos lados me ias pendurar a ti.

Post It Amarelo

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E ao passar pela manhã na pressa dos minutos contados, deixou-lhe um post-it que lhe marcou a vida: Desculpa, mas a melhor forma de não perder nada é não guardar. Mostrar agora é a minha palavra de ordem. Como o abraço que um adulto dá a uma criança. E que inesperadamente acaba por receber mais do que o que dá. Mesmo com braços de gigante, morre-se ali apertado pelo pescoço de uma mão minuscula a bater mais forte em ternura. A verdade é que nada nestes dias me interessa. Por melhores que sejam as histórias. De príncipes e rainhas ou de desencontros e reencontros. Por mais corações plásticos lusidios que me impinjam. Por melhores e mais caros que sejam os presentes. Nada disso me importa. Todos os dias desejo o teu longo beijo de língua. PS - Não te assustes, a febre que me assaltou hoje a cabeça, fez-me entrar de coração no mundo das hipóteses. Podes entrar.