Velhos Tempos


Hoje numa conversa banal de café, abri a porta da adolescência.
E por lá fiquei em visita prolongada até agora.
Encontrei muitos amigos, namoricos e bares da altura.
Apercebi-me que fui feliz, muito feliz sem saber.
Só agora sei o quão descomplicada era aquela vida.
Estudar e marcar a próxima saida com consentimento dos pais.
Ter o maior aliado e protector de sempre: o melhor irmão e amigo.
Riamos para a vida por tudo e por nada.
Tudo tinha graça.
Surpreendente a simplicidade de que eram feitas as grandes coisas.
Dar explicações ao sábado de manhã bem cedo, para a saida de sábado á noite.
Vestida sempre a rigor, quando a festa estava dentro de mim.
Com tudo o que nascia no meu caminho todos os dias.
Expectativas e esperanças sempre a ganharem aos pontos.
Vir do Kremlin ou da Gar Tejo com os ouvidos ainda surdos, e paragem obrigatória nos bolos quentes do Chile.
Antes do regresso a casa, encher a barriga de açucar.
Como se a juventude não fosse por si só o melhor doce do mundo.
E no Verão?
Acordar logo ás 7 da manhã não fosse a praia desistir de mim.
E os dias bem grandes só me podiam oferecer o melhor.
Pressa de descobrir e nunca de ir embora.
Como se os dias, e as noites, não chegassem para agarrar as emoções que me abraçavam.
Jogar volei na praia até anoitecer.
A pele sem creme e cheia de sal, cabelos esgadelhados e pele escura de tanta luz que a vida me impunha naturalmente.
Tudo era possivel fazer.
Complicações nunca.
Apenas viver na partilha dos melhores momentos.
Campeonatos de sueca até doer os olhos e os sinais da batota a serem postos a descoberto.
Impossibilidades destronadas á primeira volta.
Lágrimas em esforço de tanto rir.
Apanhar joaninhas a encantarem-me as mãos como um anel de brilhantes.
Saltar do pradão da praia, e nadar na água gelada que para mim era sempre quente.
Não tenho fotografias com sorrisos mais luminosos que os desta altura.
Dinheiro era pouco, mas a vontade, essa era milionária.
Afinal, o nosso coração é como uma casa que não pode ficar vazia.
O agora, é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência.
A oportunidade de viver é como o ferro: devemos batê-lo enquanto estiver quente.

Comentários

Unknown disse…
Sabes...li-te e revivi esses tempos...Incrível! Ou nos cruzámos e não demos por isso... ou..andámos todos a fazer as mesmas coisas...
Acima de tudo, ler-te deu-me uma saudade daqueles tempos...
Anónimo disse…
Só isto: que saudades desses tempos.... (Croissant/1/4 leite vigor)

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