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A mostrar mensagens de junho, 2017

Não me venham com histórias

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Não conhecemos nada da vida. Por mais experiências, por mais aventuras, por mais pontos de vista. Bem se pode olhar a vida, de ambos os lados. Nunca se sabe qual o ângulo exacto, do ganhar e do perder. Nem onde ficam guardadas as desilusões, e gravados os sorrisos da vida, que nos acena ao longe. Nem como se disfarça de repente, a voz bem alta e clara, de partes da nossa existência. Aquele jeito atordoado de dançar com os dias, a acreditarmos nos contos de fadas da vida real. Os sonhos e os planos lotados no coração. Ancoras, e barcos salva vidas. É das ilusões de nuvens que eu me recordo, e que eu nunca percebi nada dessa parte da ilusão para a realidade. Eu realmente não conheço nada da vida. E não me importo nada com isso.

Dispenso Explicações

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Ensaio do envelhecimento

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Quanto tempo dura o prazer de ter tempo?   O que é “gozar a vida”?  Fazer o que uma vida inteira de afazeres, foi adiando? Entrando na velhice, como é que se foge de uma triste vidinha? Reiventar?  Há que fugir de uma reforma precoce de nós próprios, que não passa de uma armadilha. Quando o tempo é mais que muito, começa o desconforto. Antes, um velho era um velho. Hoje, as pessoas tremem perante a ideia de envelhecer, como diante de um Deus tresloucado. Queremos ser sempre novos, mesmo que falsificados? Ocos? Rir de tudo.  É melhor que pôr uma corda no pescoço. Sonhar da maneira mais bonita que se sabe, e dar as voltas que forem precisas. Somos o que sentimos, só não sabemos até quando. Há que acrescentar, no tempo de cada dia, o máximo de eternidade. Como Virginia Woolf  escreveu um dia: “Estas são as mudanças da alma. Eu não acredito em envelhecimento. Eu acredito em alterar para sempre o aspecto de alguém para a luz. Eis meu otimismo”.

Consolo

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Que parte de ti, velha e zangada, vandalizou o teu coração, para te arrastar assim, de repente, para a morte? Acredito que tenhas  entrado, numa espécie de maré pacífica, um grande e largo rio. Que por aí, seja uma manhã solarenga. Ao contrário da morte, o amor, que é o outro nome da vida, não te deixe morrer à primeira. Que te obrigue a pensar nas pessoas, nos animais, e nas flores de que gostas. Que essa tua nova vida, mande mais em ti do que a morte definitiva.   Como uma peste implacável, continues a amar, e que cresça de repente, no teu coração uma maré viva. Que te curves sobre os canteiros, para cortar ervas daninhas, que não deixes deitar fora, como se fossem trocos sem valor, os restos de vida que continuam a cintilar dentro de ti.  Sabes pai, há dores que fazem sentido, como as dores do parto. Mas, há dores que não fazem sentido nenhum.  O teu coração parou. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada da médica, por achar t

Muletas, uma espécie de toxicodependência

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Conhecem aquelas pessoas que para viverem, precisam que alguém as movimente, que esteja ali disponível 24 horas por dia, porque sem isso, a vida própria é vazia? E o que é que as muletas, têm a ver com dependência? Deixam de distinguir as próprias pernas, das muletas que utilizam. A pessoa passa a depender dos “apoios”, e perde oportunidades incríveis de  viver com autonomia, a liberdade de ser, e fazer o que realmente gosta, e principalmente a auto estima em sentir que é capaz. A insegurança, o medo de errar, a dificuldade de tomar decisões por conta própria, e principalmente o medo de se tornar responsável por si mesmo, alimenta este “ uso indevido de muletas”. Este é o tipo de pessoas, que precisam estar constantemente a trocar mensagens no telemóvel para se sentirem conectadas, a falar seja lá o que for. Muitas pessoas, infelizmente, não descobriram o prazer de usufruir da sua própria companhia. Preferem estar rodeadas por pessoas fantoches, que estão progra

Há Prova de Fogo

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Pai

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A tua perda, fez-me repensar o valor do tempo. O que não se fez, a visita adiada, tudo o que rói o estômago a sangue frio. Como é que tu, homem forte, que nunca perdeu um dia de trabalho, que eras o primeiro a acordar em cantoria, podes ter morrido assim? Faz-me pensar, que nem tudo vale a pena. Que o prazer, não pode ficar atrás de tudo. Que quem corre por gosto, também se cansa. E que, por mais objectivos que sejamos, tudo o que fazemos, são rascunhos de qualquer outra coisa. A tua morte, interrompeu um processo e modificou todas as possibilidades. Morreste. Contigo, mergulhámos de repente no caminho desconhecido, mais definitivo e profundo. Se há vida depois da morte, é uma questão de percepção desta vida. Sinto que se encerrou uma história. Que estamos na vida, para sermos transformados a partir das experiências que o acaso  nos propõe. Há coisas, que nos estragam. Tu estavas frio, totalmente esquecido de ti e de nós. Morte, essa grande cabra, é a