Pai

A tua perda, fez-me repensar o valor do tempo.
O que não se fez, a visita adiada, tudo o que rói o estômago a sangue frio.
Como é que tu, homem forte, que nunca perdeu um dia de trabalho, que eras o primeiro a acordar em cantoria, podes ter morrido assim?
Faz-me pensar, que nem tudo vale a pena.
Que o prazer, não pode ficar atrás de tudo.
Que quem corre por gosto, também se cansa.
E que, por mais objectivos que sejamos, tudo o que fazemos, são rascunhos de qualquer outra coisa.
A tua morte, interrompeu um processo e modificou todas as possibilidades.
Morreste.
Contigo, mergulhámos de repente no caminho desconhecido, mais definitivo e profundo.
Se há vida depois da morte, é uma questão de percepção desta vida.
Sinto que se encerrou uma história.
Que estamos na vida, para sermos transformados a partir das experiências que o acaso  nos propõe.
Há coisas, que nos estragam.
Tu estavas frio, totalmente esquecido de ti e de nós.
Morte, essa grande cabra, é a maior ladra da vida.
Como disse um dia Virgilio Ferreira:

“Não é a tua falta que falta, é o desmentido de que tu não morres”.

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