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A mostrar mensagens de novembro, 2009

Espalhem a Noticia

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Há musicas que nos tocam tão fundo que nos fazem transbordar dentro de nós próprios a profundidades impensáveis. Os clã e o Sérgio Godinho sabem bem do que falo. Espalhem a notícia do mistério da delícia desse ventre Espalhem a notícia do que é quente e se parece com o que é firme e com o que é vago esse ventre que eu afago que eu bebia de um só trago se pudesse Divulguem o encanto o ventre de que canto que hoje toco a pele onde à tardinha desemboco tão cansado esse ventre vagabundo que foi rente e foi fecundo que eu bebia até ao fundo saciado. Eu fui ao fim do mundo eu vou ao fundo de mim vou ao fundo do mar no corpo de uma mulher bonita. A terra tremeu ontem não mais do que anteontem pressenti-o O ventre de que falo como um rio transbordou e o tremor que anunciava era fogo e era lava era a terra que abalava no que sou Depois de entre os escombros ergueram-se dois ombros num murmúrio e o sol, como é costume, foi um augúrio de bonança sãos e salvos, felizm

A Lista

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Este ano não faças listas de coisas a fazer. Evita que vejas mais tarde tudo o que não conseguis-te cumprir. As promessas que nunca levas avante. A lista que agora escreves, não mais que desejos á pressa transcritos. Vontades imediatas que cada ano se vão reduzindo. A lista esfrega-te na cara que estás a envelhecer. Que afinal a vida depois de desengordurada perde o interesse. Por isso aproveita, enquanto não te lembras de fazer listas, é sinal que não te vais esquecer de nada e dispensas a cábula de pensamentos contaminados.

Árvore

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Se realmente existir vida depois da morte, quero voltar como árvore. Com o tronco a servir de passeio aos esquilos. E onde verdadeiros amantes, esculpissem os seus nomes e desenhassem corações apaixonados. Que fosse visitada por aves  de todas as cores na Primavera. Que se embalassem nas minhas folhas nas cantigas soltas pela manhã.   Livre na floresta. Coberta pela cor da neve no Inverno, e  que ficasse apenas o silêncio onde tudo se guarda. Que fosse cortada por um lenhador, pai de familia numerosa e que servisse de lenha ao lume que cozia o pão para todos. E que com a melhor madeira, fizessem uma mesa onde alguém escrevesse uma carta a alguém para lhe dizer o quanto a amava. E assim pemaneceria, eu e tu, sementes de amor real.

É Tarde

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Há coisas que podiam não acontecer ou acontecer de forma diferente, mas o acaso está sempre alerta. Bastava terem ficado em casa naquele dia, e não se teriam encontrado. Aquele dia era perigoso. Porque o mundo ficaria partido em dois. Não há instantes, tudo é um tempo de horas sem números. Não há vazio, apenas um enorme carinho que guardamos entre mãos. É tarde, muito tarde, mas cedo para saber o que o destino nos esconde. Não precisamos de criar ausências para nos imunizarmos. A ilusão até nos assenta bem. Sem imagens, mas sempre a brilhar.

Não Se Muda

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Sempre defendi que chegando a um determinado patamar de maturidade, as pessoas na sua essência não mudam. Se é bom ou mau é discutivel. Virgilio Ferreira concorda comigo: "Não mudamos com a idade na estrutura do que somos. Apenas, como na música, somo-lo noutro tom."

Povo Pequeno Em Extinção

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Sempre adorei as histórias com gnomos, duendes e anões. O primeiro registo oficial de gnomos na Europa, data do ano de 1200. Nas suas crônicas monásticas, William de Newburg, declarou a existência de "duendes verdes" num condado inglês. A sua difusão irritou o vaticano que converteu o tema numa inédita avalanche de temores e especulações. Em parte, todos somos culpados pela perda quase total do contacto com esse Povo Pequeno, pois deixámos de acreditar no que não é explicável. Perdemos o sentido do mistério e o gosto pela magia. De tanto querer explicar e controlar, ficamos longe da nossa própria infância. Ao temer a dança das fadas, ao invocar a ajuda dos gnomos e anões, recorrer a protecção dos duendes e elfos, não faziamos outra coisa do que projectar no exterior de nós mesmos os sentimentos que nos asfixiavam. Os contos e lendas dos anões e gnomos, são os últimos vestígios da Idade do Ouro, aquele tempo mítico que ainda compreendiamos a linguagem dos pássaros e viamos as

Num Olhar Que Não Se Vê

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Quando nos olhámos na cegueira desse instante o tempo parou. Os teus olhos guardaram os meus. Ouviu-se um silêncio de palavras que nunca se disseram. Hoje sei que o que é invisível vê-se sempre mais nitido. Para ver claramente, bastou mudar a direcção do olhar. É a verdade que sai e se exibe numa troca de palavras escritas. Ninguém se inquietou pelo amor que fizemos num olhar que não se viu. Pascal dizia que os olhos são os intérpretes do coração. E tinha toda a razão.

Se

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Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.