Quem não partir antes

Vai chegar lá. 
À velhice. 
Num ápice, os nossos jovens pais são uns velhos. 
O tempo solta-se, e também nós envelhecemos. 
Tudo se transforma numa acusação de rispidez. 
Junta-se a fraca auto-estima e a insegurança. 
Tudo o que vem somado aos problemas que abraçam consigo desde sempre, sobressaiêm a olhos vistos.
Espaços a mais na mesa mal posta.
E o tempo a contar.

Queremos os nossos pais de sempre, e já nos desconhecemos.
No caminho, um choque de frente com a falta de saúde, o coração, a fraqueza e a frustração. 
Impoêm-se os limites.
Pode-se enganar a vida muito tempo. Mas ela acaba sempre por fazer de nós, aquilo para
que não queríamos ser feitos.   
E o tempo rodopia em movimentos certeiros.
Como dizia Cecília Meireles, in 'Poemas (1957): 
"Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença, só de indiferença".



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