Morrer Sem Ter Vivido


Pena sermos tantos a morrer sem sequer ter vivido.
Basta analisar o que fazemos e planeamos consciente ou inconscientemente:

Tentar ser o melhor.
Comer menos açúcar.
Escolher uma carreira.
Tentar ser o melhor.
Saber, que o nosso esforço pode não ser o suficiente.
Chegar sempre a horas.
Para isso esqueçer o colega do lado que não faz 10% do nosso trabalho e ganha dez vezes mais.
Aprender a segurar a língua.
Ficar invisível.
Conter emoções.
Marketing é tudo.
Tentar vender-se da melhor maneira possível.
Excepções não são bem-vindas. Embora gostem de valorizar os extraordinários, somente na mediocridade se encontra a paz.
Ser mediano.
Ser medíocre.
Guardar os melhores pensamentos e idéias para nós mesmos.
Executá-los apenas nos sonhos.
Sonhar com Nova York.
Roubar e trazer conosco as emoções falseadas dos musicais da Broadway, enquanto pensamos em aviões e prédios.
Sonhar com Londres.
Imaginar uma existência mais feliz por estar perante o Big Ben e uma realeza postiça.
Sonhar com Paris. Lembrar os ideais da Revolução enquanto se passeia na Dior, Hugo Boss ou Calvin Klein. “Liberté, Égalité, Fraternité”.
Esquecer Níger. Esquecer São Paulo, Bogotá, o Hemisfério Sul.
Procurar um amor.
Ter um credo.
Acreditar piamente em algo maior (deve haver algo maior).
Facilitar muito as coisas.
Aprisionar a nossa criança interior. Mesmo quando esta insistir em escapar por uma gargalhada. Por fim, procurar um amor. Achando, bom ou não.
Mesmo que se ache, o fim poderá ser sozinho.
Ver bons filmes. Até mesmo aqueles com o Jim Carrey se conseguires considerá-los bons filmes.
Saber o que são prazos. Tudo tem uma data de validade. Contas, trabalhos, amizades, amores e até mesmo nós próprios.
E, quando o prazo expirar, a nossa vida passará á frente dos olhos a correr.
Erros, acertos, decisões, vacilos, balanços, tudo será exposto na eternidade de um segundo, como sempre se ouviu dizer que era, mas preferimos não acreditar por achar um clichê.
Quando isso acontecer, já não importa tudo que o que fez na vida.
Todas as pessoas nesse breve longo instante, se resumem a ínfimas criaturas vivendo presas a uma pergunta desconcertante:
-Eu realmente vivi?
Aos que viveram, a eternidade. Estarão presos na memória de quem ainda está vivo, renascidos na simples menção do seu nome.
Aos que não viveram, restará a ilogicidade de morrer sem mesmo viver.
E desaparecerão no nada.

Comentários

Anónimo disse…
Nao e possivel viver este post sem sentir um bocadinho a morte...
Pedro disse…
... mas pensando bem... isso e bom...faz-nos viver!

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