Os venenos da vida correm nas mãos de quem mais amamos e os grandes remédios de meros desconhecidos.
Interiorizemos esta cruel realidade.
O pensar em forma de escrita é um bom remédio para os males do mundo interior.
Não ter medo de olhar para dentro de nós próprios.
Esta cabeça está tão cheia meu amor. Tão cheia do peso, que o coração de tão pequeno não consegue carregar. Que sonhos tens tu agora? No meio do calor tórrido do deserto? As coisas que tenho apinhadas na cabeça são tantas que se empurram umas ás outras. Como as mulheres fazem na altura dos saldos. Como quem arranja um espaço impensável no metro apinhado, até as portas lhe entalarem os dedos. Como a quem falta o ar no elevador pesado, obrigado a parar antes do piso certo. Há um limite muito ténue na dúvida e na tomada de decisão. Passar o limite é uma questão de um segundo. De uma decisão que se toma ou não. Só nos apercebemos da importância dos nossos actos quando o segundo passou. Desperdiçio ou ganho. O amor não se entrega aos preguiçosos. Entre o seguir a direito numa marcha lenta, ou fazer-se um rápido desvio, jogamos a nossa própria existência. Já dizia Renard: "A Preguiça não é mais que o hábito que se contraiu de descansar antes da fadiga"
Sempre adorei as histórias com gnomos, duendes e anões. O primeiro registo oficial de gnomos na Europa, data do ano de 1200. Nas suas crônicas monásticas, William de Newburg, declarou a existência de "duendes verdes" num condado inglês. A sua difusão irritou o vaticano que converteu o tema numa inédita avalanche de temores e especulações. Em parte, todos somos culpados pela perda quase total do contacto com esse Povo Pequeno, pois deixámos de acreditar no que não é explicável. Perdemos o sentido do mistério e o gosto pela magia. De tanto querer explicar e controlar, ficamos longe da nossa própria infância. Ao temer a dança das fadas, ao invocar a ajuda dos gnomos e anões, recorrer a protecção dos duendes e elfos, não faziamos outra coisa do que projectar no exterior de nós mesmos os sentimentos que nos asfixiavam. Os contos e lendas dos anões e gnomos, são os últimos vestígios da Idade do Ouro, aquele tempo mítico que ainda compreendiamos a linguagem dos pássaros e viamos as ...
Faço hoje 35 anos! A minha mãe ligou depois da meia-noite para me dizer o quanto me ama. Eu sei que sim. Bastou dar-me um sopro para a vida. Lembrei-me que faz hoje 35 anos que Pablo Neruda morreu. A vida e a morte coladas uma à outra como quem não quer a coisa. Mas Neruda mesmo fora da vida, deixou-me este presente: "Se cada dia cai dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que sentar-se na beira do poço à sombra e pescar luz caída com paciência."
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