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A mostrar mensagens de julho, 2009

Drão

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E cá está uma música que me arranha o coração á procura de areia nos meus olhos: Drão, o amor da gente é como um grão Uma semente de ilusão Tem que morrer para germinar Plantar nalgum lugar. Ressuscitar no chão Nossa semeadura Quem poderá fazer Aquele amor morrer Nossa caminhadura Dura caminhada Pela estrada escura Drão, não pense na separação Não despedace o coração O verdadeiro amor é vão Estende-se infinito Imenso monolito Nossa arquitetura Quem poderá fazer Aquele amor morrer Nossa caminhadura Cama de tatame Pela vida afora Drão, os meninos são todos são Os pecados são todos meus Deus sabe a minha confissão Não há o que perdoar Por isso mesmo é que há- de haver mais compaixão Quem poderá fazer aquele amor morrer Se amor é como um grão Morre Nasce trigo Vive Morre pão Drão Caetano Veloso

Destino, Acaso ou Coincidência

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O acaso sempre me despertou curiosidade. Haruki Murakami, explicou-me hoje mais um pouco deste tema com pano para mangas: "Podemos muito bem, se for esse o nosso desejo, vaguear sem destino pelo vasto mundo do acaso. Que é como quem diz, sem raízes, exactamente da mesma maneira que a semente alada de certas plantas esvoaça ao sabor da brisa primaveril. E, contudo, não faltará ao mesmo tempo quem negue a existência daquilo a que se convencionou chamar o destino. O que está feito, feito está, o que tem se ser tem muita força e por aí fora. Por outras palavras, quer queiramos quer não, a nossa existência resume-se a uma sucessão de instantes passageiros aprisionados entre o «tudo» que ficou para trás e o «nada» que temos pela frente. Decididamente, neste mundo não há lugar para as coincidências nem para as probabilidades. Na verdade, porém, não se pode dizer que entre esses dois pontos de vista exista uma grande diferença. O que se passa - como, de resto, em qualquer confronto de opi

Carta Perdida

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Talvez um dia me escrevas. Com uma letra irreconhecivel. Irás torcer tanto as frases que ninguém as compreenderá. Talvez as sintas dentro do teu próprio corpo, como o frio de um cubo de gelo a derreter em angústia. Talvez a ansiedade te revolva as entranhas. Porque saberás que nas letras tortas se esconde a tua verdade. Talvez um dia, o meu sorriso de meio segundo te soe aos ouvidos como uma timida promessa de salvação. Que o arrependimento não te esventre como a faca de um carniceiro. E que o teu desejo não seja prisioneiro como um pássaro que acorda numa gaiola e bate as asas de vez em quando. E tal como o passado se contrai, se desfaz e dissolve, não percas os teus contornos.

Quem é o Amor da Tua Vida?

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Perguntou com os olhos a brilhar e a voz trémula: - Quem é o amor da tua vida? - Só poderei responder antes de fechar os olhos para a vida, e os deixar abertos na morte. Sim meu amor, só aí, perto do abismo, saberei quem foi o amor da minha vida. Se o tive, se o perdi, ou se nunca marcámos encontro. Agora ainda é cedo, demasiado cedo. O amor para ser grande, tem que ser excepcional, dois ou três em cada século. È talvez aquele que sempre ignorámos, e que pode acabar num dia qualquer.

A Mentira que Nós Dissemos

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Passei tão perto. Atirei tantas pedras á tua janela. E por tremeres de medo, nunca me lembrei de bater á porta da frente. Mas se eu puder fazer mais uma marca no teu coração, simplesmente posso deitar-me um pouco mais do que da ultima vez. Lembras-te de brincar de Jesus para os leprosos que inventavas? Talvez eu fosse um deles. Ainda tens as mesmas feridas? Espera mais um tempo para distribuir essa mentira que nós dissemos a nós mesmos. Mas desta vez, tem que ser mais doce que mel. Porque ainda trago no céu da boca, um travo amargo de esperança inacabada.

Possibilidade Infinita

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O amor é uma interrogação contínua. Não há perdão quando se fazem tão poucas perguntas. Saber tão pouco sobre ele e falhá-lo. Pascal já dizia que o homem vive entre o abismo do infinitamente grande e o abismo do infinitamente pequeno. O homem sabe que não pode esconder na mão uma estrela. Por isso, é-lhe bem mais insuportável o estar condenado a falhar o infinito possivel. Próximo e ao seu alcance. Falhar a infinitude do amor. Há quem falhe a sua própria obra. Nada mais intolerável do que deixar escapar o ser que amá-mos, e o universo interior das suas possibilidades infinitas.

Morte - A Fuga Inútil

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Esmago um cigarro no cinzeiro. Morro de medo da morte. Uma viagem ao eterno desconhecido. Ser um cadáver, um ultraje insuportável. Num instante ser humano, protegido pelo pudor, e num segundo o nosso corpo fica á disposição de qualquer um. Guardado no gelo ou no fogo, apenas uma questão de tempo. Perto da morte, talvez o melhor, fosse mesmo galopar sobre um cavalo para qualquer sitio distante e esconder o corpo. Apanhar um comboio, ou acelarar em excesso de velocidade num carro desportivo vermelho. Encharcar-me no melhor perfume para não feder. Fuga inutil. Galopa-se sobre um cavalo, mas acaba-se numa cama qualquer com a cabeça a bater no limiar de uma porta. Confortei-me nas palavras de Renard: "De nada serve morrer: é preciso morrer na devida altura."

Lembras-te de Rir?

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E agora que voltei de umas pequenas férias, lembrei-me do que era rir. Rir? Será que ainda nos lembramos de rir? Rir verdadeiramente para lá do ridiculo. Rir, esse gozo imenso e delicioso. Gozo completo. Em miuda jogava muitas vezes ao jogo do rir. O fingir que se ria. Risos forçados. Risos ridiculos. Tão ridiculos que nos faziam rir. Então chegava o riso inteiro. O verdadeiro riso que nos transportava ao seu rebentar. Risos desatados a estalar. Riamos até ao infinito do riso dos nossos risos. Agora percebi que aquele riso era o transe da felicidade. Cúmulo extremo da satisfação. E nada mais se conhece, além desse segundo.

Ser Feliz

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Atravessei um deserto. Árido, seco mas frio. Deambulei sem sentido ou destino. Fui onde os meus pés me levaram. Num ápice bati em ti de tão distraída que andava. E voltei a encontrar um oceano. Como dizia Fernando Pessoa: "Ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Ser feliz é encontrar segurança no palco do medo, e amor nos desencontros. É saber reflectir sobre a tristeza. Transformar a vida num canteiro de oportunidades. E, quando estiver no caminho errado recomeçar. Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Jamais desistir de nós próprios. A vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de factores a demonstrarem o contrário. Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia ainda vou construir um castelo." J

A Culpa é da Critica

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Porque, todo filme é perfeito, o que atrapalha é a crítica. Ou não?