Morte - A Fuga Inútil


Esmago um cigarro no cinzeiro.
Morro de medo da morte.
Uma viagem ao eterno desconhecido.
Ser um cadáver, um ultraje insuportável.
Num instante ser humano, protegido pelo pudor, e num segundo o nosso corpo fica á disposição de qualquer um.
Guardado no gelo ou no fogo, apenas uma questão de tempo.
Perto da morte, talvez o melhor, fosse mesmo galopar sobre um cavalo para qualquer sitio distante e esconder o corpo.
Apanhar um comboio, ou acelarar em excesso de velocidade num carro desportivo vermelho.
Encharcar-me no melhor perfume para não feder.
Fuga inutil.
Galopa-se sobre um cavalo, mas acaba-se numa cama qualquer com a cabeça a bater no limiar de uma porta.
Confortei-me nas palavras de Renard:
"De nada serve morrer: é preciso morrer na devida altura."

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