Boneco de Corda
E se fossemos bonecos de corda?
Por artes mágicas ou mesmo pela força da corda?
Uma perna, um braço, outra perna, outro braço.
Abanávamos a cabeça e faziamos as delicias de quem nos olhasse.
Já sabiamos a ordem pela qual as coisas podiam acontecer.
Nada podia falhar.
E quando falhasse seriamos invadidos pelo espanto.
Nada podia falhar.
E quando falhasse seriamos invadidos pelo espanto.
E se de um momento para o outro a nossa engrenagem ficasse atrapalhada pela falta de óleo?
Paragem obrigatória no inesperado.
A desligar-mos a pouco e pouco da vida.
À espera da sensatez de um voluntário.
Que nos acalmasse a ferrugem.
E nos esfregasse o óleo milagroso nos filamentos da postura óssea.
Talvez tenhamos que contar mais uns com os outros do que na realidade pensamos.
Ainda tento fugir ao boneco de corda que sou, que anda sempre em frente até que a tensão da corda se esgote.
Não vão as abelhas fazer da minha engrenagem cansada, a colmeia que tanto desejam.
Comentários
beijo (adoro os teus textos)