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A mostrar mensagens de março, 2009

RAIO X

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Nem toda a gente me conhece. Demasiada transparencia? Não gosto de mostrar o que não sou. Não posso explicar ao mundo inteiro quem sou eu. Não há máscaras á medida da minha cara. Aqui não há o desfazamento entre uma personagem pública e a pessoa privada. Sempre fui alérgica á mentira. O médico até já me aconselhou o uso de um kit de emergência. Não é fácil adivinhar o que se passa dentro de mim. Porque fracturas e debilidades, são o que mais corre nas veias misturadas com o meu sangue do tipo positivo. Sair a correr da mentira não é para mim. Sei utilizar com precisão o apagador da marca verdade. Que já não se encontra á venda por falta de procura. Saber ler a mentira. Quanto mais ela sobe na escala, mais facilmente se é traido por gestos e expressões. A cara de cera é um alerta. Um gato com o rabo de fora é pisado num ápice. A vida é feita de pequenos delitos justificados com um simples motivo de força maior. As mentiras serão sempre as linhas por onde se escreve uma história. E por m

KÉOPS - O Prisioneiro

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Ponho o olhar a correr para ver se não se cansa. Apanho um sopro de intuição. Um abismo? Nada como saltar. Experimentar. A perspectiva da existência perante ela própria. O olhar nú sobre o existir. Sensações. O absurdo. A saída. Procurar as janelas. Só elas têm o poder de deixar espreitar para o outro lado. Será possivel traçar entre elas uma única linha recta? Poderei apostar na influência do que vejo fora de mim? Apetecia-me ver agora um filme a preto e branco. Um filme mudo? Talvez. O filme podia ter o titulo Kéops - que significa protegido por Deus. Talvez me emprestasse ao coração um pouco da liberdade divina.

Alguém sabe a Definição De Vida?

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A definição para a vida não é tarefa fácil. Platão defendia que uma vida não questionada não merece ser vivida. Então vamos lá tentar explicar a vida com clareza. É um fenômeno que anima a matéria? Será o espaço de tempo entre a concepção e a morte? A vida é um conceito de uma amplitude gigantesca. Talvez seja a condição dum ser que nasceu e ainda não morreu. Não será um processo constante de relacionamentos? Talvez seja esta a resposta certa: A vida começa quando compreendemos que tem um prazo de validade. Talvez seja como um sonho e é o acordar que nos mata. Quem não sabe o que é a vida, nunca poderá conhecer o perigo da morte. Mas para mim, o oposto da vida não é a morte: é a repetição. Quando pensamos ter todas as respostas, a vida espreita e muda-nos todas as perguntas. A vida é feita de tempo, e todo o tempo que não é dedicado ao verdadeiro amor é tempo perdido. E tudo o que não é dado perde-se. Como disse um dia Oscar Wilde: "A vida é muito importante para ser levada a séri

Mensagem

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Se as mensagens dos pacotes que abres para o café, chegassem ao topo do teu coração, como o açucar chega ás minhas ancas, já me tinhas consumido.

Adivinha

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Não te peço perdão se te amar de repente. É amor? Ternura desmedida em contagem crescente. Afecto que se cola aos beijos de uma boca inquieta. É sentir com? Nem sentir contra, nem sentir para, apenas sentir. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, a distância e as impossibilidades. Não se espera o desespero das lágrimas. Nem o fascinio das promessas. Nem as misteriosas palavras dos véus da alma. É um sossego. A paz com o coração e as mãos a transbordar de carícias. Abraços distribuidos de todas as maneiras. Só peço que me deixes assim. Quieta, muito quieta. Que as mãos da fatalidade não voltem a encontrar-me. Que mantenha o meu olhar estático, sem sobressaltos a ferirem-me a vista. E a vitória de um dia acertar na adivinha da vida real.

35 Anos

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Faço hoje 35 anos! A minha mãe ligou depois da meia-noite para me dizer o quanto me ama. Eu sei que sim. Bastou dar-me um sopro para a vida. Lembrei-me que faz hoje 35 anos que Pablo Neruda morreu. A vida e a morte coladas uma à outra como quem não quer a coisa. Mas Neruda mesmo fora da vida, deixou-me este presente: "Se cada dia cai dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que sentar-se na beira do poço à sombra e pescar luz caída com paciência."

Viva la Vida

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E agora que estou perto de fazer anos não sei se canto ou se choro. Por alguma razão sem explicação. Mas também se pode chorar de alegria. Fica a música dos Cold Play que me toca hoje. I used to rule the world Seas would rise when I gave the word Now in the morning I sleep alone Sweep the streets I used to own I used to roll the dice Feel the fear in my enemy's eyes Listen as the crowd would sing "Now the old king is dead! Long live the king!" One minute I held the key Next the walls were closed on me And I discovered that my castles stand Upon pillars of salt and pillars of sand I hear Jerusalem bells are ringing Roman Cavalary choirs are singing Be my mirror, my sword and shield My missionaries in a foreign field For some reason I can't explain Once you go there was never Never an honest word And that was when I ruled the world It was the wicked and wild wind Blew down the doors to let me in Shattered windows and the sound of drums People couldn't believe what I

Um Segredo Que Devia Ser De Todos

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Este segredo, até podia ser daquela gente que passa apressada a toda a hora. Era bem mais fácil galgarem as ribanceiras com vista para o destino a entrar-lhes pela manhã. Talvez pudesse revelar-lhes o que trago resguardado no peito. Se desejar fosse ser, aprenderiam a viver. A alma já não chorava, porque o coração dorido partiria para o estrangeiro para uma cura milagrosa. Saberiam que se pode viver de qualquer maneira, e tudo pode acabar num sentido único. Descobririam o atalho para o percurso longo pisado em lentidão. Talvez consiga recortar-lhes os sorrisos e as vidas mal vividas. E beber a água dos olhos desta gente triste. Lançar os segredos ao ar, e ver a correria de uma multidão descontrolada para os apanhar. Passar receitas de ternura para os males da indiferença. Depositar a esperança naquelas mãos mortas. E alongar as sombras dos corpos para que não sejam sózinhos. Soltar os pássaros dos peitos fechados nas gaiolas das vidas encerradas. Bater forte com a saudade morta na dor

O Remédio do Indio

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Li um artigo muito interessante sobre o lema de vida dos Indios. Não posso deixar de partilhar algumas ideias que aqui ficaram soltas e bem presas na minha cabeça. Na Índia, os mestres sempre dizem: Os problemas são despertadores que tentam acordar as pessoas para a vida. Aproveitar para acordar logo, antes que o próximo despertador faça mais barulho. Parar e pensar. O que é que a dificuldade quer mostrar? É um aviso, que a vida nos envia, directo ao coração para corrigir o que não estamos a fazer bem. São sinais de emergência para modificarmos a vida em tempo certo. Os problemas e as doenças guardam muita semelhança entre si. Há que fazer uma pausa para reflectir sobre os avisos que o corpo nos está a enviar. São poucos os que se perguntam: "Por que é que o meu organismo ficou enfraquecido e permitiu que a doença o atacasse?" Uma dificuldade não ultrapassada é sempre um alarme, embora muita gente não preste atenção. Os sintomas atacam na tentativa de fazer com que entendamos

Pai

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O pai. Antes partir que vergar, é assim que se define. Homem com 71 anos. Forte. Austero. Máquina de trabalho. Lema de vida: O homem veio ao mundo para ganhar um fato e um par de sapatos, porque quando dorme na cama preta é o que leva para o outro mundo. Preocupado com o sustento da familia. Entregou ao trabalho praticamente todos os bons dias da sua existência. As madrugadas eram ainda meninas, e já corria terras para lavrar, que eram o único sustento da família numerosa. Pouco a pouco, divorcia-se da vida pobre e torna-se construtor civil. Aprende e torna-se mestre no oficio das mãos ásperas. Chega a empresário. Apaixonou-se . Assim que a viu passar na Praça de Tomar os olhos enlouqueceram. E desde então o seu coração nunca mais lhe largou as duas mãos. Casou. Deu-lhe cinco lindos filhos. E ainda havia tempo para cuidar da alma, mesmo com o corpo moído a pedir umas horas de preguiça. A vida dos que viviam nestes tempos era dura como pedra. Mas com tanta água mole lhe bateu, que a fur

Matar o Tempo

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O mais injusto na história da vida é a maneira como ela morre. Às vezes dou comigo a pensar que a verdadeira essência da vida está de trás para a frente. Primeiro deviamos morrer, e ficavamos logo livres disso. Como quem tem duas noticias para dar, a boa e a má. E quem ouve, primeiro quer ouvir a má porque a seguir pode-se alegrar com a boa. Após a morte, ir viver num lar de idosos até ser expulsa por ser demasiado nova. Ganhar um relógio da moda e ir para o novo emprego. Trabalhar apenas 35 anos até ficar nova o suficiente para poder gozar a reforma. Fazer uma vida boémia. Encher o corpo de gargalhadas soltas por meio de caipiroscas e bom vinho verde. Frequentar tudo o que fosse festas e preparar-me para a faculdade. Próxima etapa ir para o colégio. Ter vários amores. Encontros. Desencontros. Reencontros. Acordar criança após a ultima noite de adulta. Não ter responsabilidades, e ter o quarto e a cabeça cheia de ideias fantasiosas. Ser bébé de colo. Voltar para o útero da minha mãe e

A Porta

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Cada vez que nos encontramos por trás da porta, é que lemos nas entranhas da madeira porque é que ela nunca se fecha. A campainha desperta-nos os sentidos e alerta-nos para a ausência de fechadura. A porta roda no sentido da lua e abre-se para os olhos inquietos. Esta porta sempre há-de gemer como um cão nocturno. Como extinta na trela da noite que a solta num dia incerto. Não é mais que uma maré viva que vem e que vai. Que bate e que nunca se tranca. A porta sem sorte que vive entre aberta. Poderá ser a alma de todas as portas? Esta porta que te cheira a mulher. Porta sexo. Que te abre a vida. Porta modesta pregada á entrada dos teus sonhos com pregos estrela. Que a tua manhã nunca fique manchada com o grito da porta enforcada sobre a tua ombreira. Que esta porta não vá a leilão. Porque é minha e tua. Será sempre uma porta bússula.

A Casa

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Às vezes no quarto viaja até casa. A casa já ali, do outro lado da rua e longe da vida. Perto só mesmo aqui, na distância que percorre o pensamento. Regressa devagar ao seu sorriso como quem volta a casa. Brinca ao faz de conta e já não é nada. Distrai-se e percorre o caminho familiar da saudade. Pequeninas coisas ali se prendem. Uma tarde num café, um filme ao final da noite. Devagar volta á paz. E às vezes bem á pressa faz coisas que não deve. Como este regresso rápido a casa. Entra só com um pé quando abre esta porta. Não sabe se deve entrar com o direito ou com o esquerdo. Deseja talvez partir uma perna. E volta a amar cá fora como em casa.

Conselho de Mãe

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Para o meu filho. E para quem ainda não sabe o que anda cá a fazer: Desejo que ames. Que sejas amado. E que se não fores desejado sejas rápido a esquecer. E que ao esqueceres, não guardes mágoas. Que saibas sofrer sem desesperar. Que tenhas amigos. Que mesmo que ás vezes pareçam maus e inconsequentes te sejam fiéis. E que pelo menos num deles possas confiar. E porque a vida é assim, desejo ainda que tenhas inimigos. Nem muitos, nem poucos. Mas na medida exacta, para que algumas vezes tenhas que questionar as tuas próprias certezas. Desejo que sejas útil mas não insubstituível. E que nos maus momentos quando não restar mais nada essa utilidade seja suficiente para te manteres de pé. Desejo ainda que sejas tolerante. Não com os que erram pouco porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente. E que fazendo bom uso dessa tolerância sirvas de exemplo aos outros. Desejo que ainda sendo novo, não amadureças depressa demais. E que sendo maduro não insistas em rejuvenescer.

Verdade Verdadeira

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E mais uma vez, contrariando a mentira, ficaram abraçados aos pensamentos: A verdade verdadeira é apenas a que se sente porque ninguém a vê. É demasiado brilhante para quem sofre de problemas de visão. A verdade que ofusca e não cega. É despida porque não tem frio. Essa que não apressa o nascimento do amor para o mundo. Não precisa da ventose do obstetra, porque nasce ao primeiro toque sem chorar e a rir da vida. Transforma a lama seca em lâmpadas e amantes sem truques de magia. O manual dos manuais, é a carne de um homem e de uma mulher a transpirar com cheiro de perfume verdadeiro. Com sabor natural dentro de bocas profundas. Esta verdade, que como uma hera teimosa, abraça o muro mais cinzento com cor de esperança a subir ao infinito. Com o sangue a correr sem pressa e cheio de força nas veias de irmãos gêmeos. Falaremos sempre esta lingua da verdade de uma vida para a outra, até que o musgo nos chegue aos lábios e cubra os nossos nomes. E mais não partilho, porque como diz um sábio

Quem Quer Ser Bilionário?

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Este filme só poderia ser premiado. Nele revejo o que sempre defendi ao longo da vida: Acreditar, Acreditar e Acreditar. Seguir a nossa verdade sempre, desafiando a maior das impossibilidades. O amor faz-nos chegar ao cimo de qualquer sonho. A vida a fornecer-nos as respostas certas para as perguntas cruciais. Todos temos instintos de sobrevivência infalíveis e aparatosamente criativos. Em nós, tal como no personagem principal do filme concentra-se toda a comédia, a tragédia, a alegria e a amargura. Há que seguir o trajecto da felecidade, desafiando a fome, a morte dos pais, a traição de um irmão e o desencontro. Foi pelo caminho mais dificil que ele lá chegou, e não pelo da mentira, pelos prazeres efémeros ou pelo dinheiro fácil. Nada mais simples: não complicar o que há partida era uma tragédia, lutar até ao fim pelo meio de lágrimas e perdas. Para quem é persistente, mais tarde ou mais cedo a justiça da vida é feita com as suas próprias mãos.

Vem Sentar-te Comigo Lídia À Beira do Rio

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Deverá um grande amor ser como Fernando Pessoa contou? Tenho algumas dúvidas. E ao mesmo tempo todas as certezas. "Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida passa e não fica. Nada deixa e nunca regressa. Vai para um mar muito longe, para ao pé do fado. Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente. E sem desassosegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz. Nem invejas que dão movimento demais aos olhos. Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria. E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos se quisessemos, trocar beijos e abraços e carícias. Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro. Ouvindo correr o rio e ven