Matar o Tempo


O mais injusto na história da vida é a maneira como ela morre.
Às vezes dou comigo a pensar que a verdadeira essência da vida está de trás para a frente.
Primeiro deviamos morrer, e ficavamos logo livres disso.
Como quem tem duas noticias para dar, a boa e a má.
E quem ouve, primeiro quer ouvir a má porque a seguir pode-se alegrar com a boa.
Após a morte, ir viver num lar de idosos até ser expulsa por ser demasiado nova.
Ganhar um relógio da moda e ir para o novo emprego.
Trabalhar apenas 35 anos até ficar nova o suficiente para poder gozar a reforma.
Fazer uma vida boémia.
Encher o corpo de gargalhadas soltas por meio de caipiroscas e bom vinho verde.
Frequentar tudo o que fosse festas e preparar-me para a faculdade.
Próxima etapa ir para o colégio.
Ter vários amores.
Encontros.
Desencontros.
Reencontros.
Acordar criança após a ultima noite de adulta.
Não ter responsabilidades, e ter o quarto e a cabeça cheia de ideias fantasiosas.
Ser bébé de colo.
Voltar para o útero da minha mãe e passar os meus últimos nove meses de vida a flutuar.
E terminar tudo com um orgasmo explosivo depois de uma noite rica de preliminares.
E na cama prestes a ser ocupada dormiriam os meus restos mortais.
Isto sim faria da vida uma história perfeita.
Como disse uma vez Raul Brandão:
"A vida é fictícia, as palavras perdem a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar. Estamos aqui como peixes num aquário. E sentindo que há outra vida ao nosso lado, vamos até à cova sem dar por ela. Estamos aqui a matar o tempo."

Comentários

Flor disse…
Vida boa seria essa!


Quem mata o tempo não é assassino, é suicida...


beijoca*

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