Saberás ler nas entrelinhas?
As cartas que não te escrevi.
Estão guardadas nas minhas entranhas.
Misturadas com o sangue que o coração teima em largar nas batidas mais fortes.
Estão guardadas nas minhas entranhas.
Misturadas com o sangue que o coração teima em largar nas batidas mais fortes.
Sem tradução para lá das palavras.
Sempre estiveram em mim e talvez em ti.
Disputam um lugar na gaveta vazia de uma memória.
Valem-me os dedos para embalar as crianças e escrever.
E dentes para roer a solidão.
E dentes para roer a solidão.
Eu escrevo-te.
Antes que a morte se aproxime, escrevo-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
Com amor, com ódio, ao sol, à chuva.
De noite, de dia, triste, alegre, escrevo-te.
Cartas.
Que jamais receberás.
Saberás ler nas entrelinhas?
Antes que a morte se aproxime, escrevo-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
Com amor, com ódio, ao sol, à chuva.
De noite, de dia, triste, alegre, escrevo-te.
Cartas.
Que jamais receberás.
Saberás ler nas entrelinhas?
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