Roubei

Como um cavaleiro audaz roubei a lua. E com ela as pequenas grandes verdades. As verdades brancas, que se passeiam como nuvens á frente da janela dos nossos destinos. Roubei a verdade de rir de morte desta cumplicidade acutilante. Roubei a fé da única árvore crente que vivia de braços abertos para o céu. Roubei os teus segredos e misturei-os com os meus, para que se guardassem mais. Roubei a raiz da razão, é que na verdade já nem te lembravas dela. Pensei em roubar a pedra do nosso caminho. Mas as pedras toda a gente pisa. Pensei que talvez tenhas mais verdades que eu, e na esperança dessa verdade ser verdadeira abracei-as como se fossem minhas. E na distracção de roubar o que não era meu o coração disparou. E sem perdão, levaste-me desprevenida pendurada de cabeça para baixo no teu ombro. Lá diz o ditado: Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão.