O Ilusionista Na Ilusão


E a criança quer ser ilusionista.
Com a magia dos deuses a saltar-lhe das mãos.
Também eu quero ser.
Arrancar coisas do chão.
Do chapéu e do coração.
Talvez assim me encontre a mim.
Sem nunca perder a caixa dos segredos.
Com os meus olhos a fazer estremecer o chão que não pisas.
E não estender as cores do arco iris ao sol para não debotarem.
Magicar um truque para que a solidão nunca mais fique sózinha.
E com carácter de urgência agarrar qualquer coisa para te mostrar.
Mesmo a custo de muito fingir.
Atordoava o marasmo com o spray do fantástico.
Construia com a mão aberta uma cama de espuma.
Fazia desaparecer o colchão errado onde deitas todas as noites o corpo em sobressalto.
Fazia o orgulho consumir os orgasmos suspensos.
E continuaria a encantar-te.
Fazia desaparecer da tua mão o copo da cerveja vazio como um final de verão.
E fingia não matar a tua sede na perfeição.
E para terminar punha a lua a fingir que não sorri do espanto que somos nós.

Comentários

Será que se tivessemos o dom de alterar as coisas, que a vida continuaria a ser genuína? Ou estariamos a viver sozinhos uma ilusão?

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