Volto Já


Se ele pudesse deixar uma tabuleta na porta da vida dela seria sempre a mesma:
Volto Já.
Agora que acende um cigarro despreocupada, sente a boca com um travo a alegria.
Imagina um anjo com barba por fazer, a subir ao cimo dele próprio.
A penetrar-lhe a verdade.
A queimar-lhe a pele com o amor intruso.
E ela que lhe estoira o coração sem querer, com a boca ensalivada e cheia de palavras a ferver.
Começa a despir-lhe a sensatez porque ele lhe roubou a vergonha.
Reféns da pulsação em excesso de velocidade.
Amor impossivel a avizinhar-se na possibilidade.
E começam a viver intensamente, porque existem amores que já morreram.
A verdade quebra o vidro das caras mascaradas, e desenha-lhes um sorriso claro.
E não lhes peçam para amar isto ou aquilo, porque inconscientemente é como pedir a um gato que começe a ladrar.
A vida não é feita de empates combinados.
E ao olharem a lua revêem-se na graça dos olhos um do outro.
Dividir uma só vida em vez de duas.
E alguém se aproximou deles e perguntou:
Desculpem, pode-se trocar a tabuleta do Volto Já por um Não Incomodar?


Comentários

Unknown disse…
Há uma evolução na tua escrita que, certamente, acompanha o teu sentir...Excelente qualidade...em ambos! Li-te e não pude deixar de sentir que já pus demasiadas placas de volto já na minha vida...

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