Bonecos


Por vezes sento-me entre todos.
Vamos falar a sério agora.
Sorrio.
Procuro ver por trás dos seus olhos.
Caminho fora do ritmo imposto.
Saio a correr da fila.
Vejo agora do lado de fora da janela.
Bonecos.
Bonecos animados.
Outros inanimados.
Uns sorriem depois de lhes puxar a corda, outros choram.
Ainda há os que se comovem quando a verdade lhes bate de chapa pela madrugada.
Têm fome de amor verdadeiro mas acenam que não.
Não encontram amor porque já perderam um.
Não procuram outro porque têm medo de se perder.
Mostram-se seguros.
Com o coração a descompassar dentro do peito.
Enganam-se a eles próprios e reinventam-se todos os dias.
Gosto de me sentar com eles.
Ás vezes aborrece-me, confesso.
Mas sei, que nos dias em que estou à sua cabeceira, lhes trago um pouco da minha força, da alegria de viver a vida simples.
Sinto-me útil.
Uma voluntária sentimental.
E assim fico mais feliz.
Falando para o boneco ou não, a verdade é que fui a única que falei.

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