A Minha Vida Chamada Afonso


Ter uma vida desenhada dentro de mim é extraordinário.
Saber-te com vida a viver na minha traz-me paz divina.
Gosto de ver-te dormir num sono de criança, quando dormes alheio a tudo.
Eu fico a ouvir a tua respiração, a beijar-te ao de leve e a entrelaçar nas minhas mãos os teus pequenos fios de cabelo.
Talvez seja um desperdicio eu dormir em vez de ver-te dormir, porque em breve já não serás criança.
Pela manhã ouço o som da televisão e sei que acordas-te e segues o teu ritual á risca.
Pedes torradas quentinhas e duras e leite com chocolate quente com a palhinha amarela que é mais alegre.
Gostas que te faça estes pequenos mimos, que te chame para ir para a escola, que já é tarde, sabes que assim te guardo.
Saimos de casa meios a dormir, deixando para trás os teus brinquedos espalhados pela sala, a desarrumação vivida das tuas coisas, esses sinais da tua presença, sem os quais a casa não faz sentido e o silêncio pesa.
És sempre tu que desces as escadas primeiro, e te escondes cá em baixo e assim vais entrando na minha manhã.
No banco do carro segues em silêncio ainda ensonado, que interrompes ás vezes com alguma pergunta repentina.
Vais-te chegando á frente, uma mão nas costas do meu banco na tentativa de prolongar a proximidade fisica.
Levo-te de mão dada, para que sintas que te guardo até que a porta nos separe e outros fiquem contigo.
Porque há sempre uma porta que se fecha e que nos separa, ao contrário da nossa casa onde todas as portas estão abertas.
Estou sempre presente Afonso, ao longe ou ao perto, como tu estás tatuado em mim desde o primeiro instante.


Comentários

Flor disse…
Um dia vou perceber como é o sentimento de darmos um nome à nossa vida! =)
Anónimo disse…
Para mim, não há nenhuma porta que possa separar-me do que mais amo. Seja a da escola, a do carro ou a da casa que há de ser sempre a tua.

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